Fake news, teorias da conspiração, campanhas de desinformação sobre um vírus mortal. Essa é uma parte do problema que 2020 deixou para a humanidade em 2021, e que ultrapassa a linha dos memes engraçados na internet, passando a atingir a pauta de saúde pública, tratando – literalmente – de vida ou morte.

O começo desta década está sendo marcado não somente pela invalidação de instituições, mas principalmente pela infodemia, termo que explica o excesso de informação, muitas vezes incorreta e produzida por fontes não verificadas ou pouco confiáveis, e que se propagam com facilidade. “Mesmo com o trabalho árduo da imprensa na cobertura da pandemia, é notório que daqui pra frente, explicar e esclarecer os fatos não será suficiente enquanto as pessoas não estiverem preparadas para legitimar a importância do trabalho jornalístico”, aponta Denis Sá, cofundador da Enjoy Inglês Profissionalizante.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Avaaz, aproximadamente 110 milhões de brasileiros acreditaram em pelo menos uma mentira sobre o coronavírus. Com a chegada da vacina e as especulações sem crédito, este número tende a aumentar. Mas o que fazer para diminuir a propagação de inverdades sobre temas tão importantes?
A resposta é única: iniciando nas escolas a educação midiática para crianças e jovens. Após o abalo no sistema de educação, o momento propõe uma revisão de disciplinas para que os estudantes aprendam a identificar desde cedo os formatos das informações, postagens e mensagens compartilhadas. A responsabilidade das instituições de ensino neste momento é crucial para que alunos saibam diferenciar uma opinião de um fato, e defendam um jornalismo sólido e bem apurado, para que possam analisar de forma justa as reportagens que não são fiéis a determinada realidade.
“A construção da educação midiática deve ter seu berço dentro das escolas, com os devidos recursos e formação para professores e estudantes que, durante a pandemia, viveram em um cenário cheio de incertezas e mentiras”, explica Sá. “A formação escolar com educação para as mídias e informações é a única forma plausível de reproduzirmos senso crítico em um mundo conectado”, conclui.